Exibição de documentários, palestras para estudantes do ensino público
e degustação de queijos estão entre as ações

O projeto “Queijo Artesanal: Sabores e Saberes Mineiros”, que tem como objetivo identificar, pesquisar e valorizar os saberes e modos de fazer tradicionais que envolvem a produção do queijo artesanal de leite cru, apresentará seus resultados para os mineiros. Exibição de documentários, encontro para troca de experiências, degustações e um seminário estão entre as ações, todas gratuitas e abertas ao público. O projeto é realizado pelo Instituto Periférico, com o patrocínio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa MG), por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio técnico da Emater.

As atividades serão realizadas, inicialmente, nas microrregiões da Canastra e de Araxá, onde a equipe de pesquisa esteve para elaboração de inventários e diálogo com produtores e comerciantes. Depois, as ações chegam a Belo Horizonte com um seminário para a cadeia produtiva da cozinha mineira e para o trade turístico, além de um encontro com comerciantes de queijo do Mercado Central da capital.

As atividades terão início em São Roque de Minas, em 30 de agosto, quando haverá a apresentação do projeto e do documentário produzido sobre a microrregião da Canastra para estudantes do ensino público. No dia seguinte, 31 de agosto, será realizada uma devolutiva para produtores e sociedade civil, com a exibição do documentário, uma mostra expositiva e uma degustação de queijos na Praça da Matriz.

A mesma programação será levada para Araxá, em 13 e 14 de setembro, com destaque para o documentário que contempla a produção de queijo nessa microrregião e para a mostra expositiva com imagens registradas durante o processo de pesquisa. Na noite de sábado, é na Fundação Calmon Barreto que estarão reunidos produtores, comerciantes, parceiros e demais interessados pela temática para, além de degustarem queijos produzidos também pelos municípios vizinhos, acompanharem os resultados do projeto.

Comércio e turismo em pauta em Belo Horizonte

Na capital mineira, o Mercado Central sediará, em 18 de setembro, um diálogo com comerciantes sobre o projeto e seu impacto na economia local. E, para encerrar o ciclo de ações, no Centro de Referência do Queijo Artesanal será realizado um seminário com o trade turístico, abordando as possibilidades de atuação e fortalecimento de rotas, além das perspectivas com relação à declaração da Unesco sobre os modos de fazer o queijo Minas artesanal como Patrimônio Cultural da Humanidade. O encontro será em 19 de setembro, das 14h às 18h, também com entrada gratuita e mediante inscrição pelo site institutoperiferico.org/queijominas.

A presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, destaca a relevância das próximas entregas: “Este projeto não apenas ressalta a riqueza do nosso patrimônio cultural, mas também promove a valorização do queijo como um símbolo da identidade mineira. Ao reconhecer e apoiar os saberes e sabores que compõem essa tradição, estamos investindo na nossa história e no futuro dos nossos produtores, garantindo que o queijo artesanal de Minas Gerais continue sendo uma fonte de orgulho e sustento para nossas comunidades”.

Segundo a coordenadora do projeto, Luciana Praxedes, “os modos de fazer o queijo artesanal integram a cultura alimentar mineira, que é internacionalmente conhecida e valorizada. O queijo possui um protagonismo na nossa história e, também, na nossa economia. São milhares de famílias que se dedicam à produção artesanal do queijo em diversas regiões do estado, perpetuando saberes tradicionais e preservando a nossa identidade”.

Dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) indicam que a comercialização dos queijos artesanais de Minas Gerais gerou uma receita superior a R$ 6 bilhões em 2022, número que deve ser ampliado caso a Unesco declare os modos de fazer o Queijo Minas Artesanal como patrimônio da humanidade. Inscrito na Lista Representativa do órgão, o bem cultural pode obter esse título em dezembro de 2024, durante a XIX reunião do Comitê do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco.

Seguindo a expectativa de crescimento da comercialização dos queijos artesanais, o número de queijarias legalizadas em Minas Gerais cresceu de 20 para 155 estabelecimentos nos últimos cinco anos. Os dados, da Agência Minas, indicam uma expansão de 675% no período.

Essas ações do projeto “Queijo Artesanal: Sabores e Saberes Mineiros” possuem o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), Associação dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan), Associação Regional Produtores Queijo Minas Artesanal Araxá (Aqmara), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Centro de Referência do Queijo Artesanal e Mercado Central de Belo Horizonte.

A programação pode ser conferida em institutoperiferico.org/queijominas.

Queijo artesanal: um patrimônio dos mineiros

Em 2002, o Iepha-MG registrou o Modo de Fazer o Queijo Artesanal da Região do Serro (MG) como Patrimônio Cultural Imaterial do estado, sendo o primeiro registro de bem relacionado à cultura alimentar do país. Dez anos depois, foi realizada novamente pelo Iepha-MG a revalidação do bem cultural atendendo ao disposto no Decreto Estadual 42.505 de 2002. Nesse mesmo ano, além da revalidação referente ao Serro, foram incluídos outros municípios: Alvorada de Minas, Coluna, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas.

A proteção federal veio em 2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que reconheceu o Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e Salitre/Alto Paranaíba como patrimônio nacional, inscrito no Livro de Registro dos Saberes. Recentemente, a proteção federal foi ampliada para oito regiões produtoras com base nos relatórios de caracterização produzidos pela Emater (Serro, Serra da Canastra, Araxá, Cerrado, Campo das Vertentes, Serras de Ibitipoca, Serra do Salitre e Triângulo Mineiro, bem como aquelas que venham a ser identificadas) e houve a alteração do título para “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal”. A partir da também ampliação da caracterização feita pela Emater, a proteção do Iphan já alcança dez microrregiões.

Atualmente, são 15 regiões identificadas pela Emater e reconhecidas como produtoras de queijos artesanais no território mineiro, sendo dez regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal (QMA) – Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro, Serras de Ibitipoca – e cinco produtoras de outros tipos de queijos artesanais mineiros – Alagoa, Mantiqueira de Minas, Serra Geral do Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e Vale do Suaçuí.

– Serviços:

Projeto “Queijo Artesanal: Sabores e Saberes Mineiros”

São Roque de Minas:
30/8: Apresentação do projeto e do documentário produzido sobre a microrregião da Canastra para alunos do ensino público.
31/8: Devolutiva para produtores e sociedade civil, exibição do documentário, mostra expositiva e degustação de queijos (Praça da Matriz, a partir das 18h).

Araxá:
13/9: Apresentação do projeto e do documentário produzido sobre a microrregião de Araxá para alunos do ensino público.
14/9: Devolutiva para produtores e sociedade civil, exibição do documentário, mostra expositiva e degustação de queijos (a partir das 18h, na Fundação Calmon Barreto – Praça Artur Bernardes, 10 – Centro).

Belo Horizonte – Mercado Central:
18/9: Encontro com comerciantes no miniauditório do Mercado Central, das 16h às 18h (Av. Augusto de Lima, 744 – Centro).

Belo Horizonte – Centro de Referência do Queijo Artesanal:
19/9: Seminário com o trade turístico e cadeia produtiva do queijo, abordando as possibilidades de atuação das Instâncias de Governanças Regionais (IGRs) e o fortalecimento de rotas e perspectivas com a declaração pela Unesco dos modos de fazer o queijo Minas artesanal como patrimônio cultural da humanidade.

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