A adequação às novas normas de convívio em razão da pandemia do coronavírus vem sendo um desafio para todos. No entanto, grupos de maior vulnerabilidade ficaram expostos a outros riscos que não apenas a Covid-19. Longe das escolas e do convívio social, crianças e adolescentes podem estar sob uma ameaça ainda maior, como a da violência física, sexual e psicológica, dentro das próprias casas.
Assim, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) reforça o alerta sobre os cuidados essenciais de pais, responsáveis e sociedade em geral, sobretudo nesse período de confinamento domiciliar.
De acordo com a Chefe da Divisão Especializada de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente, Delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, houve queda de 26% nos registros de ocorrências, entre elas o abuso e a exploração sexual, tendo como vítimas crianças e adolescentes. Apesar da redução, a Polícia alerta para uma possível subnotificação.
De acordo com a Analista da Polícia na área de psicologia Lusia Jaqueline de Araújo, grande parte da violência contra crianças e adolescentes é intrafamiliar. Durante o isolamento social, elas não estão frequentando a escola, nem tendo contato com pessoas fora de seus núcleos familiares, o que faz com que elas fiquem reclusas em casa, por vezes com seus próprios agressores. “Uma consequência disso é a diminuição das denúncias que chegam aos órgãos oficiais. O que não quer dizer que a violência tenha diminuído. Inclusive, a gente acredita que ela possa ter aumentado muito”, pontua.
Nesse contexto, a psicóloga enfatiza a importância da aproximação de pais e responsáveis para que a criança e o adolescente se sintam à vontade para relatar algum abuso sofrido. “Crie vínculos com seu filho, neto, sobrinho; com aquela criança ou adolescente próximo a você. Esteja atento, com um olhar cuidadoso, e perceba as alterações de comportamento”.
Lusia explica que nem toda mudança notada na conduta da criança ou do adolescente é sinal de abuso, já que a própria situação do isolamento pode causar essas alterações. No entanto, é preciso saber interpretar alguns sinais.
“Às vezes essa criança não é da sua família e você percebe que ela chora muito, um choro intenso, ou percebe um comportamento estranho, uma movimentação diferente na casa, que aquela criança tem algumas marcas. Diante de uma situação, ainda que suspeita, é preciso denunciar aos órgãos oficiais – como as delegacias da PCMG, por meio dos canais de denúncia ou no Conselho Tutelar”, orienta a Analista.
Diante de uma suspeita, denuncie!
Disque 100.
C/PCMG