Dados compilados pelo Ministério da Saúde apontam que o Estado tem 31,4 mortes a cada 100 mil habitantes; média nacional é de 65

Minas Gerais tem a menor taxa de mortalidade por Covid-19 a cada 100 mil habitantes de todo o país. Os dados são do Ministério da Saúde e, até a última atualização, o índice de óbitos do Estado era de 31,4, enquanto a média nacional é de 65, ou seja, mais que o dobro. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde, desde o início da pandemia já são 268.009 casos diagnosticados da doença e 6.656 mortes, sendo 82 nas 24 horas que antecederam a publicação do último boletim. O recorde de mortes diárias registrado no Estado foi em 12 de agosto, quando foram contabilizados 170 óbitos.

Segundo o secretário adjunto de saúde de Minas, Marcelo Cabral, o Estado atingiu essa marca em 31 de julho e, desde então, permanece como sendo o que tem o menor índice de mortes do Brasil. Ele atribui a marca ao planejamento. “Fizemos um plano de contingenciamento macrorregional, a estruturação da rede de saúde, o Minas Consciente e tudo isso passou por grande planejamento. Então, acho que essa é a palavra-chave”.

Apesar do número positivo, não é possível assegurar que não haverá um aumento de casos. “Fazer previsão de algo que é desconhecido, como é essa pandemia, seria até leviano. Mas, o que a gente tem feito é tentar fazer com que os números se mantenham dessa forma e a gente tem conseguido. Agora, realmente, cravar que não vai haver aumento não é possível”, afirmou Cabral. Ele aproveitou para alertar a população para que mantenha os cuidados de distanciamento e uso de máscara.

Pressão no atendimento

Questionado se Minas já passou do pico da doença, Cabral afirmou que o Estado registrou um período entre semanas epidemiológicas com alto número de casos, que foi entre a semana dos dias 19 a 25 de julho até a semana de 23 a 29 de agosto. Nesses dois períodos, não necessariamente foram registrados o maior número de diagnósticos ou mortes, mas foi quando as unidades de saúde estiveram mais pressionadas em razão do alto índice de hospitalizações por complicações da Covid-19.

“Não houve uma ascensão explosiva não. Aquilo que a gente falou de platô realmente aconteceu aqui. Então, a gente chegou em um nível até que começou a ter uma queda e, hoje, o que a gente tem é efetivamente uma tendência de queda nos números. O monitoramento dos esgotos apontou no boletim de sexta-feira a ausência de coronavírus pela primeira vez em 13 semanas. Então, temos números que indicam a queda, sem ter tido efetivamente um pico. Tivemos com certeza um platô”.

Ainda segundo o secretário adjunto, o Estado ampliou o número de leitos de UTI para Covid-19 de 2.072 para 3.902. Além disso, tem outros 20.922 leitos de enfermaria. Nesse sábado, dia 12, a taxa de ocupação geral de leitos de UTI estava em 62,89% e de leitos de enfermaria, em 60,69%. “No momento, são 908 pacientes internados em leitos de UTI no Estado, em decorrência da Covid-19 ou por suspeita da doença, e a taxa de ocupação está em 23,43%. Em relação aos leitos de enfermaria, são 1.519 pessoas internadas em decorrência da Covid-19, ou por suspeita da doença em Minas e a taxa de ocupação está em 7,63%”, informou a Secretaria de Estado de Saúde, por meio de nota.

Falta estudo

Apesar da associação feita por Cabral entre o baixo índice de óbitos por coronavírus em Minas e as medidas adotadas pelo governo do Estado, a médica infectologista e professora da faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Júlia Caporali, acredita que possa haver diversas explicações para tais números, e que isso ainda precisa ser estudado.

“A gente não sabe responder isso ainda porque pode ter influência do tempo de início do isolamento, intensidade do isolamento de Belo Horizonte, que é a capital, e em Minas Gerais, o tempo de fechamento das escolas, a estruturação do SUS na capital e também no Estado. Tudo isso é fator determinante, mas nada disso é possível de ser concluído sem um estudo”, disse. É importante lembrar, ainda, que Minas Gerais tem sido um dos Estados que menos realiza testes de Covid-19 no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, do IBGE.

Síntese de casos, óbitos, incidência e mortalidade

Brasil – 65,0

RR
– 101,2

RJ
– 102,1

DF
– 101,1

CE
– 96,4

AM
– 95,4

MT
– 92,2

SE
– 86,0

ES
– 84,8

PE
– 83,7

AP
– 81,7

PA
– 75,0

SP
– 73,9

AC
– 73,5

RO
– 73,0

PB
– 67,1

RN
– 67,0

PI
– 61,9

AL
– 60,3

GO
– 58,9

TO
– 55,1

MA
– 51,5

MS
– 41,8

BA
– 41,8

RS
– 38,4

SC
– 36,8

PR
– 35,8

MG
– 31,4

Fonte: Secretarias Estaduais de Saúde. Brasil, 2020

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