Além de cuidar do paciente, mês de conscientização sobre a doença também é alerta para a necessidade de maior atenção ao cuidador
Este é o mês da conscientização sobre a doença de Alzheimer, que é a causa de quase 60% dos casos de demência. Nesta quarta-feira, 21 de setembro, comemora-se o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Em 2019, eram 2 milhões de pessoas com o problema no Brasil e 55 milhões no mundo. Número que deve chegar a 78 milhões em 2030. Segundo o World Alzheimer Report, 75% das pessoas com demências não estão sendo diagnosticadas pelo medo do resultado dos exames e pelo estigma da doença.
Um diagnóstico precoce muda a vida do paciente, além da vida de seus familiares e amigos, e atualmente há muita informação e suporte disponíveis, portanto, ninguém precisa enfrentar o alzheimer ou qualquer outra demência sozinho. Os sinais da doença e os déficits cognitivos que a antecedem precisam ser identificados antes do tratamento, o mais cedo possível para que a doença possa ser controlada. Entre eles estão problemas na memória, pensamento e comportamento. Nos estágios iniciais, os sintomas podem ser mínimos, mas pioram conforme a doença causa mais danos ao cérebro. A taxa de progresso é variável conforme a pessoa, no entanto, os portadores costumam viver em média até oito anos.
“Apesar de não haver tratamentos que impeçam o progresso da doença, há medicamentos para tratar os sintomas de demência. Esses medicamentos funcionam aumentando os neurotransmissores no cérebro”, explica a geriatra Márcia Umbelino.
A soroterapia e o implante de chip são aliados, segundo a médica, porque com eles é possível receber as medicações do alzheimer de forma mais eficaz, uma vez por semana, diminuindo a quantidade de comprimidos que se ingere diariamente. O efeito é melhor por ser injetável e ir direto para o organismo, sem perda no estômago. Além dos remédios, os implantes podem conter hidrocortisona e tadalafila, que melhoram a circulação, e metformina, um antioxidante que desinflama. Já a soroterapia também pode inserir na veia vitaminas, minerais e aminoácidos que ajudam na produção dos neurotransmissores, que são os mais afetados em um processo demencial e na alteração de cognição.
A geriatra Márcia Umbelino. Foto Divulgação
“A prevenção é dormir e se alimentar bem, não ingerir bebida alcoólica, não se estressar e fazer modulação hormonal, que ajuda a não entrar em um processo depressivo e não evoluir para um quadro demencial. A modulação equilibra e estabiliza o corpo metabolicamente e energeticamente, o que também faz parte do tratamento preventivo”, esclarece Umbelino.
Os cientistas não compreendem completamente o que causa o alzheimer nas famílias, mas fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida podem influenciar. É importante buscar uma avaliação médica para encontrar a causa dos sintomas. Na consulta, Márcia costuma ainda indicar chips de nadh, pregnenolona, testosterona e progesterona, se a doença estiver afetando a cognição e a memória, pois o chip tem uma liberação das substâncias mais próxima da fisiológica.
Familiares e amigos também precisam de ajuda
O uso de sistemas de apoio e intervenções comportamentais não farmacológicas pode melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de demência e de seus cuidadores e familiares. Para a psicóloga Flávia Freitas, é extremamente importante direcionar sempre um olhar ao cuidador familiar para perceber suas necessidades. Com a progressão da doença, surge a necessidade de cuidados especiais e contínuos, normalmente desempenhados por cuidadores familiares. A família costuma ser o maior suporte no adoecimento do idoso, já que não existe uma rede de assistência formal para esse fim.
“Os cuidadores familiares passam a assumir, dentro de suas possibilidades, os cuidados relacionados ao portador de demência. Com a evolução do quadro, surgem sintomas psicológicos e comportamentais e, com isso, a vida dessa família passa a ser influenciada e prejudicada pelo declínio cognitivo, funcional e comportamental do idoso com demência”, comenta a psicóloga.
A psicóloga Flávia Freitas. Foto Divulgação
Desse modo, Flávia observa que há um prejuízo na saúde física e emocional do cuidador, que muitas vezes vê suas próprias necessidades deixadas de lado em função desse cuidado. É comum notar cuidadores sobrecarregados por tantas atividades, o que os torna mais vulneráveis ao adoecimento. Alguns cuidadores exercem os cuidados de maneira tranquila, com conhecimento, habilidades emocionais, suporte de familiares, porém, a grande maioria exerce a função de forma solitária e com muitas dúvidas em relação às melhores maneiras de cuidar e de lidar com o declínio cognitivo e comportamental desse idoso com demência, somadas às suas próprias demandas de cuidado.
“O que dizer de uma idosa hipertensa cuidando sozinha de seu esposo idoso e com demência? Ou de uma filha que precisou sair de seu trabalho para exercer os cuidados?”, finaliza Flávia, destacando que a orientação psicológica é fundamental nesses casos.