Por Wellington Martins

Na lógica do mundo moderno, empreender costuma ser associado a startups, inovação tecnológica, crescimento exponencial e pitchs com linguagem em inglês. Mas há mais de dois mil anos, um homem caminhava pelas beiradas da sociedade e, sem capital financeiro, sem influência política e sem qualquer plataforma digital, iniciou o movimento mais duradouro e transformador que a humanidade já conheceu. O nome dele era Jesus.

Não falo aqui apenas da figura religiosa. Falo do estrategista, do líder, do visionário que desafiou modelos, reorganizou prioridades, ressignificou valores e construiu uma rede colaborativa com doze “investidores emocionais” que apostaram tudo numa ideia aparentemente impossível: transformar o mundo com base no amor.

Jesus empreendeu pelas beiradas — e não foi por acaso. Ele nasceu em Belém, longe do centro do poder romano. Trabalhou como carpinteiro, longe dos palácios. E escolheu como equipe homens simples: pescadores, cobradores de impostos, zelotes, homens e mulheres improváveis. Sua “incubadora” foi a Galileia, região marginalizada do Império. Sua “metodologia” era a escuta, o exemplo, a parábola e o toque. Sua “cultura organizacional”? Misericórdia, verdade, justiça e perdão.

Jesus jamais escreveu um livro. Nunca assumiu um cargo político. Não construiu templos. Mas inspirou milhares de comunidades ao longo dos séculos. Seu nome virou bandeira de movimentos sociais, espirituais e de libertação. Seu “modelo de negócio” era tão subversivo que incomodou elites religiosas e políticas — e isso custou sua vida. Mas, ironicamente, foi na cruz — seu maior fracasso aos olhos humanos — que ele alcançou seu maior feito: mostrou que sua proposta não era de poder, mas de redenção.

Dizem que todo bom empreendedor precisa ter uma visão clara de futuro. Jesus tinha. Ele falava de um Reino — não geográfico, mas existencial. Um Reino dentro de nós. Um Reino onde o último é o primeiro, onde servir é maior que ser servido, onde o grão que morre dá fruto.

O maior sinal de que seu empreendimento deu certo? Dois milênios depois, ainda falamos dele. Ainda seguimos suas ideias. Ainda nos provocamos com suas perguntas.

Na era da inteligência artificial, da escalabilidade e da monetização, talvez valha a pena revisitarmos esse Jesus que empreendeu pelas beiradas. E nos perguntarmos: que legado estamos construindo?

Porque no fim das contas, empreender de verdade talvez seja isso: deixar o mundo melhor do que encontramos — mesmo que com sandálias gastas e nenhum centavo no bolso.

Um abraço e até a próxima…

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