Com a maioria dos MEIs ativos atuando sem nenhum colaborador, a falta de planejamento
pode levar a perdas financeiras ou mesmo fechamento
Com a chegada da temporada de férias, muitos brasileiros pausam a rotina de trabalho para descansar e viajar com amigos e familiares. No caso do microempreendedor individual (MEI), é importante que seja feito um planejamento para que o negócio não fique prejudicado, pois a modalidade permite a contratação de apenas um funcionário.
De acordo com dados do Sebrae, no universo de quase 12 milhões de MEIs ativos, a imensa maioria não conta com nenhum colaborador. Isso indica que, em geral, o microempreendedor depende apenas dele mesmo para cuidar da empresa. Logo, se ficar afastado sem um preparo, corre o risco de ter perdas financeiras ou até problemas maiores, como o fechamento do negócio.
Segundo o gerente de relacionamento do Sebrae, Ênio Pinto, há estratégias que podem ajudar o empreendedor na hora das férias. O primeiro passo é definir quais os “períodos de baixa” no segmento de atuação. “O ideal é sair de férias quando quase não há demanda ou há pouca demanda nos serviços que ele entrega”, aponta. É importante que o empresário avise o cliente, tanto no ambiente físico, quanto nas redes sociais do negócio, o período exato em que as atividades ficarão paradas e comunique a data de retorno.
A chef de cozinha italiana Renata Mendelli é MEI e vende seus cardápios 100% pela internet. Como trabalha sozinha, ela busca, como sugere o gerente do Sebrae, tirar as férias em períodos com menor fluxo de pedidos. No entanto, nem sempre é fácil conciliar a agenda com a do marido, que por ser professor universitário, só consegue viajar nos períodos de janeiro e julho. Pela primeira vez, em dezembro do ano passado, ela resolveu arriscar e não trabalhou durante o Natal e o Ano Novo, época do ano com a maior demanda.
Renata elaborou um plano: preparou os banquetes até o dia 23 de dezembro e deixou os pratos congelados até as festas. Para a surpresa dela, os clientes aceitaram a ideia e os pedidos “bombaram”. “Fiz toda a orientação para eles deixarem descongelando antes de colocar no forno. E bombou, entreguei antes da data e não teve prejuízos. Todos falaram que não tiveram problemas maiores”. Na visão de Renata, se houver planejamento, as férias não se tornam um problema para o negócio, mas sim, um estímulo positivo.
Mais dicas
– Fracionar as férias
Distribuir as férias em curtos períodos ao longo do ano é outra dica dada por Enio Pinto. Em lugar de tirar um mês inteiro, o empreendedor pode se ausentar quatro vezes por uma semana. “Assim você evita que o cliente tenha que procurar outro prestador de serviço, pois em uma semana ele consegue aguardar o seu serviço voltar”, explica o gerente do Sebrae.
– Férias também podem ser produtivas
O que nem todos percebem é que a pausa nas atividades pode ser produtiva, uma vez que permite obras ou melhorias, além da oxigenação de ideias para o negócio. Assim, quando você volta, reabre com uma inovação, em uma condição de melhorar o atendimento do seu cliente.
– Inspiração para o negócio
O empreendedor também pode aproveitar a oportunidade para conhecer um lugar que traga inspiração. É interessante programar a viagem para centros vanguardistas, dentro do segmento que você atua, ou visitar concorrentes que possam dar insights, inspirar e agregar valor ao seu negócio.
– Organização financeira
Muitos acabam não tirando férias por medo de perdas financeiras. Para driblar esse obstáculo, o especialista do Sebrae indica um provisionamento, isto é, uma reserva de dinheiro para gastos futuros. Até porque, como você não vai prestar serviços, vai parar de entrar recursos. A tendência é até que você gaste um pouco mais em férias.
Reserva financeira
Quem já adotou o hábito de fazer uma reserva é a dona da papelaria artesanal Made With Love, Taís Rocha, 45 anos. Para isso, ela diminui os gastos e procura formas de ganhar uma renda extra.
Como ela não tem ninguém para substituí-la, Taís programa as férias com a família com antecedência e sempre deixa um anúncio na porta da loja física e um aviso nas redes sociais para os clientes. No caso dos 5% de MEIs que contam com colaboradores, é possível delegar a função desempenhada. No entanto, Ênio Pinto alerta que é necessária uma preparação para que a substituição não gere impactos na qualidade do trabalho. “É importante monitorar se ele está fazendo um trabalho de qualidade para que possa te substituir à altura durante o período de férias. Inclusive, especializar o colaborador para a função é uma ótima oportunidade para o negócio”, conclui.
C/ Agência Sebrae