De um lado, cimento, argamassa, tinta, tijolos e blocos. Do outro, bambu, palha, sapé, fibra natural e cortiça. Se você tivesse que escolher os itens relacionados à construção civil, provavelmente optaria pela primeira lista, mas por mais surpreendente que possa parecer, as duas alternativas estão corretas.

É fato que nós vivemos em uma sociedade que se importa cada vez mais com a sustentabilidade – o que, inclusive, já não era sem tempo. Um dos reflexos disso é o uso de materiais orgânicos e sustentáveis, que está em franca ascensão.

Isso, inclusive, fez com que surgisse um novo termo, o Green Building, que realmente pode ser uma novidade para você, mas é bom se acostumar, porque em não muito tempo, ele tende a ser de conhecimento geral, mesmo para quem não atua na área.

Vamos conhecer mais sobre este assunto tão interessante e, em seguida, saber quais produtos orgânicos tendem a fazer sucesso na construção civil.

O que é Green Building?

Literalmente, construção verde. O termo é utilizado para designar edifícios, construções e quaisquer outros espaços que tenham sido pensados na sustentabilidade, não apenas do meio ambiente, mas também social e econômica.

O tema ganhou grande destaque mundial, com uma série de países adotando técnicas, práticas e materiais mais sustentáveis, sem abrir mão da qualidade e eficiência dos serviços prestados.

Isso fica claro no relatório “World Green Building Trends 2018”, feito pela SmartMarket Report e com apoio da Dodge Data & Analytics e da Carrier, que traz dados sobre vários países do mundo.

Um deles é a porcentagem de empresas de construção entrevistadas que fizeram mais de 60% de projetos verdes em 2018, além de uma previsão para o número no ano de 2021, respectivamente. Alguns países que chamam a atenção são os seguintes:

– África do Sul (28%/48%)
– Alemanha (13%/35%)
– Austrália (46%/64%)
– Brasil (21%/42%)
– Canadá (35%/48%)
– Colômbia (19%/46%)
– Emirados Árabes Unidos (34%/66%)
– Espanha (29%/61%)
– Estados Unidos (32%/45%)
– Índia (28%/55%)
– Irlanda (40%/54%)
– México (27%/54%)
– Noruega (30%/64%)

Além de alguns bons indicadores já em 2018, é interessante ver como a tendência é de que as construções sejam cada vez mais sustentáveis, o que deve refletir em um futuro próximo e também distante no segmento.

Isso, porém, não quer dizer que não haja algumas dificuldades. O mesmo relatório mensurou, em média, os maiores desafios para a adoção do Green Building, cujos resultados foram os seguintes, embora eles tendam a se resolver com o passar do tempo e o maior conhecimento do público sobre o assunto:

– Maiores custos primários (49%)
– Acessibilidade (33%)
– Falta de incentivo e apoio político (33%)
– Falta de conscientização do público (32%)

No Brasil, inclusive, já existe uma organização não governamental que trata sobre o tema: a Green Building Council Brasil (GBCB). Ela, inclusive, dá uma certificação às construções sustentáveis, que é a Leadership in Energy and Environmental Design (LEED, ou liderança em energia e design ambiental, em tradução livre).

Como as matérias-primas orgânicas podem ajudar o setor de construção civil?

Por se tratarem de uma opção amigável para o meio ambiente, os trabalhadores envolvidos e a sociedade como um todo, o que tende a fazer com que a área tenha um crescimento considerável.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor de construção civil deve crescer 3% no ano de 2020, com o potencial para a criação de 150 mil a 200 mil postos de trabalho formais até o mês de dezembro.

Mesmo com os números de 2019 ainda não tendo sido fechados, estima-se que tenham sido gerados aproximadamente 100 mil postos de trabalho formais, contribuindo para um crescimento de 2%.

Outra fonte, o Sindicato da Construção de São Paulo (Sinduscon) também acredita que o crescimento será de 3% para o ano de 2020, o que mostra que a tendência realmente é de uma melhora no cenário, o que também será beneficiado pela construção verde.

Quais são as matérias-primas orgânicas e sustentáveis disponíveis?

Alguns dos materiais que já aparecem em certas construções e tendem a estar presentes em uma proporção cada vez maior são os seguintes:

– Argila natural: o reboco das paredes pode ser feito com este tipo de argila ao invés de ter que recorrer ao gess, por exemplo. Quando trabalhado da maneira correta, traz uma aparência muito bonita ao interior.

– Assoalho de fibra natural: materiais naturais, como bambu, lã, carpetes de fibra de algodão e cortiça podem ser usados para pavimentar o chão.

– Bambu: o material pode ser usado para vários fins, como a construção de armações, suportes, paredes e pisos. Além de sua durabilidade, o cultivo é simples e se adapta a praticamente todas as condições climáticas, sem contar sua bela aparência.

– Bioplásticos: um dos principais materiais usados para seu desenvolvimento é um adesivo à base de soja. Eles se quebram muito mais rápido que os plásticos convencionais, o que ajuda em sua decomposição. Ainda não são tão usados para fins de construção, mas não é de se duvidar que comecem a ser utilizados para tal em um futuro não tão distante.

– Cortiça: de boa capacidade de isolamento, painéis e chapas de cortiça podem ser encontrados no mercado. Como isolam bem a temperatura, ajudam a economizar energia elétrica.

– Fardo de palha: bastante indicado para armações, graças às suas propriedades isolantes, tanto de temperatura quanto de som. Surpreendentemente, também apresenta alguma resistência contra fogo.

– Fibra de açaí: esta fibra pode ser utilizada para produzir painéis particulados de média densidade, os chamados ecopainéis, que desempenham uma função similar à do MDF (fibra de média densidade), porém sem precisar da árvore do eucalipto, que tem um processo longo e de alto custo. A fibra de açaí também pode ser usada para arquitetura e isolamento acústico.

– Fibra natural: algodão e lã são alguns dos materiais que podem ser usados para isolamento, os quais podem ser reciclados, convertidos em um tecido e, posteriormente, instalados em molduras de madeira.

– Linóleo: composto inteiramente por materiais naturais, como pó de cortiça, farinha de madeira, resina natural e óleo de linhaça. Além de seu uso para revestimento, que fica muito bonito, também pode ser utilizado como fonte de energia.

– Pedra: material usado há muito tempo, com estruturas de pedra construídas há centenas de anos ainda em pé e sem tanta abrasão e desgaste. É bastante indicada contra intempéries e pode ser usada para paredes, degraus e pavimentos externos.

– Sapé: este material nada mais é que palha, junco e outros materiais similares secos, que também já eram utilizados há milhares de anos para a cobertura de edifícios e, inclusive, ainda são usados em alguns locais remotos. Os preços são bons e a capacidade de isolamento é interessante.

Com tantos produtos orgânicos e sustentáveis à disposição, a tendência é de que a construção verde continue a se desenvolver e, assim, tenhamos um planeta mais ecológico, além de melhorar os resultados do setor de construção civil a curto, médio e longo prazo!

Fonte: Mérito Comercial

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