Médico da Unimed Araxá explica o efeito das bebidas no nosso corpo e orienta quem for fazer uso de álcool durante a festa

O Carnaval 2023 se aproxima com muitas expectativas por parte dos foliões por ser o primeiro sem as restrições impostas pela pandemia da COVID-19. Em função desse fator, é esperado um importante aumento do consumo de álcool no período.

Segundo o médico cardiologista da Unimed Araxá, Lucas Coelho Pena, o álcool tem efeito tóxico direto e indireto em todos os sistemas do corpo. “No sistema nervoso central, ele tem efeito depressor. Em baixas doses, vai deprimindo vias inibitórias e causando euforia e, posteriormente, deprimindo todas as vias, reduzindo as atividades e podendo, inclusive, levar ao coma. Essas ações no sistema nervoso, que consequentemente comprometem a capacidade de atenção, as tomadas de decisões e os reflexos estão diretamente relacionadas ao elevado número de acidentes automobilísticos, aos casos de violência, à desinibição sexual acentuada sem o adequado julgamento sobre riscos, ao papel do álcool como porta de entrada para o uso de outras drogas, entre outros”, alerta.

O excesso de álcool pode comprometer o sistema gastrointestinal causando náuseas e vômitos, gastrite, refluxo gastroesofágico, dor abdominal, cólicas, gases e diarreia. Pode levar ainda à desidratação. No fígado, o abuso das bebidas, mesmo que pontualmente, pode resultar em hepatite aguda, que pode ser desde leve a fulminante. Nem mesmo o sistema imunológico permanece incólume, deixando o organismo mais vulnerável e sujeito a infecções.

O sistema cardiovascular, no entanto, merece destaque. “A dosagem elevada de álcool pode, em algumas pessoas, agredir diretamente a musculatura cardíaca, com consequente miocardite e, em casos mais intensos, à insuficiência cardíaca aguda. Interfere na estrutura elétrica do coração predispondo a diferentes tipos de arritmias. Leva à menor adesão aos medicamentos de uso rotineiro, transforma negativamente a rotina alimentar, física, de sono, e desequilibra comorbidades como hipertensão, diabetes, dislipidemia. Desta maneira, resulta em aumento significativo de ocorrência de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral”, explica Dr. Lucas.

Cuidados

Ainda segundo o médico, não devem consumir álcool em hipótese alguma os menores de idade, gestantes, motoristas ou indivíduos que forem operar máquinas ou realizar atividades que envolvam riscos; pessoas com problemas de saúde que podem ser agravados pela ingestão e aqueles com histórico de dependência.

Fotos Divulgação 

Aos demais foliões, a orientação é consumir com moderação. “É importante alimentar-se e hidratar-se adequadamente antes de iniciar o consumo. Assim, o álcool será mais lentamente absorvido, amenizando seus efeitos negativos. Para evitar a desidratação deve ser frequente a ingestão de água. O folião deve dar preferência a roupas leves, evitar longos períodos de exposição solar e esforços físicos. É essencial ainda evitar a mistura de bebidas com diferentes graus alcoólicos e a associação com outras substâncias que tenham efeito estimulante, como os energéticos”, orienta.

Apesar das várias interações negativas entre álcool e remédios, não se deve interromper o uso de medicações rotineiras sem prévia consulta ao médico assistente. “É interessante procurar conhecer as medicações que têm interações perigosas com o álcool, como os antibióticos, aquelas com atuação no sistema nervoso (calmantes e anticonvulsivantes, por exemplo), entre outras. Mesmo tomando todos esses cuidados, caso a pessoa perceba sinais ou sintomas desconfortáveis que suscitem preocupações, não deve hesitar em procurar atendimento com as equipes de saúde disponíveis. Com consciência e conhecimento é possível aproveitar a folia com responsabilidade e segurança”, diz.

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