Muitos adultos autistas cresceram em uma época em que o autismo era pouco compreendido — especialmente nas formas mais sutis, chamadas hoje de autismo nível 1.

Sem o olhar clínico adequado, essas pessoas foram consideradas apenas “tímidas”, “perfeccionistas”, “ansiosas, “chatas” ou “diferentes”.

Por isso, o diagnóstico acaba chegando tarde — mas nunca tarde demais.

Durante boa parte da minha vida, achei que havia algo errado comigo.

Eu observava as pessoas rirem juntas, conversarem com leveza, se aproximarem sem medo — e me perguntava por que aquilo parecia tão difícil pra mim.

Sempre me senti diferente, mas nunca consegui colocar em palavras o porquê. Pequenos sons me irritavam, tecidos me incomodavam, mudanças me deixavam em pânico. Eu decorava falas e gestos para tentar “parecer normal”.

Passei anos tentando me encaixar em lugares que nunca me acolheram. Me disseram que eu era grossa demais, fria, esquisita, perfeccionista. E eu acreditei.

Até que um dia, já adulta, veio o diagnóstico: autismo.

E pela primeira vez, tudo fez sentido.

Entendi que eu não era quebrada — apenas funcionava de outro jeito.

Lembrei de todas as vezes em que me forcei a ser alguém que não era, de quantas crises engoli para não parecer “dramática”, de quantas vezes chorei sozinha sem saber o motivo.

O diagnóstico não me mudou, mas me libertou.

Hoje sei que posso ter limites, que posso precisar de pausas, que não preciso mascarar para ser aceita.

Ainda há dias difíceis — o mundo continua barulhento, rápido e confuso —, mas agora eu entendo por quê.

E isso faz toda a diferença.

Muitos adultos autistas passam anos “mascarando” comportamentos para parecerem “neurotípicos”.

Esse esforço constante de adaptação leva a:

– Ansiedade e estresse crônicos
– Dificuldade em manter vínculos e empregos
– Isolamento e retraimento social
– Sentir-se “estranha”, “inadequada” ou “incapaz de se encaixar”;
– Desenvolver culpa e autocrítica excessiva;
– Ter histórico de burnout social e fadiga emocional.

Mesmo tardio, o diagnóstico traz clareza, alívio e pertencimento.

Ele marca o início de uma jornada de autocompreensão e reconstrução da própria história.

Um abraço e até a próxima…

 Dayliane Magalhães

– Influenciadora Digital
– Doula, Educadora Perinatal e Parental
– Especialista em comportamento infantil
– Especialista em transtornos emocionais
– Artista Gestacional
– Escritora do E-book Gestação e Exterogestação
– Social Média
– Vivendo na prática a maternidade solo e atípica de TEA, TDAH e TOD

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